terça-feira, 25 de agosto de 2015

O ùltimo suspiro





H
oje eu acordei e não te vi. Estava tão apressada para resolver os meus problemas, as questões do meu dia-a-dia, que não te vi. Você dormia gostoso em minha cama, enrolado em meus lençóis e meu edredom, com seus cachos espalhados em meu travesseiro, respirando devagar o doce aroma da manhã. Eu não quis te acordar. Passava correndo pelo quarto, preocupada se, como sempre, não iria chegar atrasada. Eu lhe beijei rapidamente, manchando suas grossas sobrancelhas com o meu batom. E você sorriu. Só agora me dou conta daquele sorriso, doce e maroto... Não sei se foi uma reação involuntária, se você realmente me sentiu, enfim, talvez eu nunca vá saber. Mas será este sorriso a última lembrança sua que carregarei comigo, enquanto sinto minha alma esvair-se do meu corpo. Vou tentar não me culpar por não ter te acordado, não ter ouvido sua voz mais uma vez, não ter olhado diretamente para seus olhos cinza furta-cor e não ter dito mais vezes que eu te amo, mesmo já me culpando!!


Agora, presa nas engrenagens de um carro em chamas, vou pensar somente naquele seu sorriso que eu mal vi, investindo na certeza de que era para mim que você sorria e que era comigo que sonhava: eu, que agora me torno sonho, que agora me torno uma lembrança...!



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