Escrita em 2010 para um concurso promocional, a história a seguir coloca "um ponto a mais" no drama criado pela autora. Se a Saga Crepúsculo se perpetuará tal qual os livros da Anne Rice, só futuro poderá dizer. Mas histórias são histórias. E um ponto final nunca existe, para aqueles que tem muita imaginação...
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O sinal da última
aula tocou, e eu fiquei feliz em me preparar para sair. Era aula de Educação
Física, e apesar de, modéstia à parte, ser boa em tudo que eu faço, não
suportava os olhares cobiçosos do professor Newton – aquele mesmo, que fora apaixonado
pela minha mãe na adolescência dele
(já que agora ela era uma eterna adolescente). Aliás, dos amigos humanos da
minha mãe, apenas ele permaneceu ali; Ângela casara-se com Ben e juntos
montaram uma produtora de filmes em Seatle (e foi, durante dezessete anos,
bombardeada de fotos do meu “crescimento”, graças aos inúmeros registros feitos
por tia Rosalie e Tia Alice nos meus primeiros meses de vida!). Já o Sr. Newton
casara-se e divorciara-se de Jessica – agora repórter em New York, dividindo um
apartamento com Lauren - tão rápido quanto a passagem de um cometa. Não pude
deixar de perceber seu rosto iluminar-se quando fez a chamada e confirmou quem
eu era, Rénesmee Carlie Swan Cullen - Nessie
para os íntimos, - filha de Edward e Bella Cullen, mas o brilho apagou-se
quando viu meu adorável e gigante namorado vir me buscar, em sua reluzente moto
negra depois da aula. Havia o perigo do Sr. Newton reconhecer o rosto dele, mas
quantos filhos não nascem a cara dos pais? Era a desculpa perfeita.
-
Vinte anos e as coisas parecem iguais por aqui! – Jacob falava por sob os
ombros, enquanto dirigia – Esse aí perdeu mais uma Swan!
Eu
ri aninhada em suas costas. Vinte anos e finalmente pude retornar a Forks, para
meus avôs e meus lobos. As desculpas de ser sobrinha de Edward não estavam
funcionando, à medida que eu cresci rápido demais e ficava cada vez mais parecida
com Bella. Jacob partiu conosco e eu tive que aprender a chamar meus pais por
seus primeiros nomes, já que aparentávamos a mesma idade. Mas ali em Forks, passados
tantos anos, eu podia ser quem eu era: a terceira geração dos Cullens. Nenhum
dos mais velhos voltara comigo, era arriscado demais. Mas Jacob, tão imortal
quanto eu, pode fazê-lo, abusando do papel de filho de si próprio. Agora,
partíamos para La Push, para mais uma noite de fogueiras sob a luz do luar.
Enquanto
vovô Black alternava as lendas com os outros anciãos, olhei para a alcatéia a
minha volta. Todos tranqüilos e felizes, inclusive Leah, a beta de Jacob: tinha
ao seu lado a razão da própria felicidade e um dos motivos por estarmos juntos
ali. Éramos uma lenda viva e nossa história seria imortalizada. A minha eu sei
de cor, mas hoje falaremos da história de Leah.
Aconteceu logo depois
da quase guerra com os Volturi – por minha causa, diga-se de passagem. Leah foi
até os jardins dos Cullen falar com Jacob; queria pedir permissão para partir. Lembrou
à ele o acordo que fizeram, que não o atrapalharia e tentaria livrar-se da
forma de lobo. Por fim demonstrou o quanto seria doloroso voltar para o grupo de
Sam. Estava praticamente implorando, quando meu pai saiu da casa, conversando
com Emmett, Carlisle e Nahuel, o jovem imortal filho de pai vampiro e mãe
humana. Leah ficou perturbada. Edward parou sua conversa, olhando intrigado de
um grupo para o outro.
- Jacob, - falou
Leah, sem tirar os olhos deles. Outros Cullens aproximavam-se, inclusive eu,
uma criança de poucos meses que aparentava 6 anos no colo de Huilen, tia de
Nahuel – Por favor, ordene que eu não
volte mais!
Jacob ficou surpreso,
depois furioso com o comportamento dela, que julgava de uma falta de educação
sem fim.
- Ora, se não pode
suportá-los desapareça daqui!!
Leah fechou os olhos
e agradeceu, correndo logo em seguida e deixando-nos sem entender. Por um longo
tempo não a vimos, nem soubemos dela, exceto pelas ligações esporádicas que
dava para Sue e Seth, então novo Beta de Jacob – Quil e Embry se matariam se
ele escolhesse qualquer um dos dois! E lá em casa o assunto Leah só surgia
porque meu pai perguntava a qualquer um que morasse em La Push. Seth o
tranqüilizava, dizendo que ela parecia bem: apesar de não se transformar mais,
ainda era uma loba, ainda podiam senti-la.
Leah reapareceu na
reserva num dia de ação de graças, muito abatida. Apesar da alegria sincera de
seus irmãos, disse a Jacob que não se demoraria muito, apenas queria matar as
saudades. Mais tarde a saudade apertou, pois vira e mexe ela estava de volta,
coincidentemente quando havia alguma festa lá em casa produzida por tia Alice,
que reunia alguns vampiros amigos. Mas Jacob não impedia a sua partida, pois
julgava que ela se esforçava, mas definitivamente não era feliz enquanto ficava
por aqui.
- Jacob – disse meu
pai – esqueça Nessie um pouco e preste mais atenção na única fêmea de sua alcateia!
Lancei um olhar
fulminante para o meu pai. Jacob me esquecer, como assim?! Eu já tinha seis
anos – e para minha espécie, já era adulta. Jacob não era mais minha babá, meu
irmão mais velho, meu amigo; agora ele era meu namorado, meu prometido.
- Não é nada disso,
Nessie!... – Edward tentou apaziguar – É que... bem, apenas prestem a atenção
nela!
Havia algo que ele
sabia e não queria contar. E o mistério esclareceu-se meses depois, numa
visita dos mapuches. Nahuel contava uma de suas aventuras na floresta, quando
deparou-se com um animal gigantesco a observá-lo. Pensou em atacá-lo, mas havia
algo de familiar nele, que o fez lembrar-se dos lobos de La Push. Enquanto ele
falava, meu pai ficou petrificado, e pediu que Jacob ordenasse que Leah fosse até a casa.
- Ei, sanguessuga, você não manda em mim,
muito menos na minha alcateia! – Jacob protestou. Mas Edward simplesmente ergueu
as sobrancelhas e o encarou, praticamente implorou e Jacob, percebendo a
urgência, assentiu. Leah estava ali cinco minutos depois. Sabíamos que ela era
veloz, mas sua chegada em tempo recorde nos surpreendeu.
- Ela não estava na
reserva, – Edward respondeu meus pensamentos - estava rondando aqui como loba.
Só se transforma quando tem certeza que os outros não o estão, assim não podem
ouvir seus pensamentos. - Leah o fulminou com o olhar, e foi retribuída com uma
gentil advertência: – Se não contar para eles, serei obrigado a fazê-lo.
Todos vimos o rosto
furioso de Leah tornar-se uma máscara de dor. Quase éramos capazes de ouvir sua
súplica mental dizendo ao meu pai para não dizer o que quer que fosse.
- Não posso,- ele
disse numa voz branda – você está correndo perigo com isso! – e virando-se para
nós, esclareceu – Leah sofreu imprinting alguns anos atrás, mas ainda está
confusa. Não queria que isso acontecesse – na verdade nem esperava acontecer!
Não contou a ninguém e implorou que eu não o fizesse. Tentou fugir, mas todos
sabemos que isto é forte demais para ser controlado – ele olhou para mim e
Jacob ao dizer isto, e não pudemos deixar de ouvir o sonoro “humpft” de tia
Rosalie, que ainda implicava com meu namorado – Leah só queria ser humana outra
vez, mas estar perto da pessoa que ela... “ama”, a mantém loba para sempre.
A esta altura todos
estávamos curiosos. Leah se mantinha imóvel no jardim, de olhos fechados, estremecendo
ligeiramente quando meu pai mencionou a palavra “ama”. Edward esperou que ela
se manifestasse, mas ela nada disse. Meu pai suspirou e riu:
- No fim, Alice tinha
razão, como sempre: há algo em comum entre os lobos e os mestiços. Leah sofreu imprinting
com Nahuel. O lobo que ele quase matou era ela.
Por alguns minutos,
ninguém se lembrou de como fechar a boca: olhávamos de Leah para Nahuel
aturdidos.
- Meu Deus, isso é
melhor que novela mexicana! - Falou Emmet.
Pronto. Foi o
suficiente para Leah explodir.
- Foi para isso que
me chamou aqui, ó grande Alfa, para
ser chacota de sua família? Pois
saibam que eu prefiro morrer a ser bichinho de estimação de sanguessugas! –
bradou, e depois saiu correndo.
- Alguém vá atrás
dela, ela não está brincando! – disse meu pai. Porem, antes que Jacob e Seth se
manifestassem, Nahuel interferiu e foi falar com ela. Esta parte da conversa
nós só soubemos direito depois, pelas lembranças de Leah que Jacob captou; não
havia segredo entre os lobos, muito menos entre Jake e eu.
Leah estava no
penhasco – aquele mesmo de onde minha mãe se jogara – quando Nahuel a alcançou.
Ela lutava contra os próprios sentimentos, mas ele foi categórico: não prometeu
que a amaria, mas gostaria que fossem amigos, se isso a fizesse feliz. Ele ainda
estava se acostumando com o mundo de possibilidades que o convívio com os
Cullens oferecia, a chance de não ser um demônio e ter uma vida quase normal.
- Não cabe a nós obrigar o nosso...afeto, a nos amar – disse Leah – mas
acho que ficarei melhor depois disso.
- Por favor entenda,
não é uma rejeição; eu apenas não me conheço o suficiente para permitir que
você arrisque sua vida e seus planos ao meu lado! Meu veneno é letal em você!
Leah sorriu, com um
pouco de desdém, mas assentiu. Imediatamente seu coração se acalmou e nascia
ali uma estranha amizade. Os planos dela não destoavam muito dos dele: estudar,
trabalhar, ajudar a própria tribo, encontrar seu lugar no mundo. Ela era feliz
como melhor amiga dele, ajudando-o sempre que possível, e isso era visível
principalmente no tratamento dela conosco, mais tolerante – mas ainda mantinha
a língua afiada! Até que um dia Nahuel pediu permissão para levá-la oficialmente para o sul, para sua
floresta.
- Continuará sendo
loba para sempre, quer realmente isso? – zombou Jacob
Isso aconteceu a
poucos anos. E agora estávamos lá, todos juntos o casal mais inusitado do
mundo. Olhar para Leah ali, radiante tal qual uma supernova, comparada com a
loba desamparada que fora outrora, renovava em nós a esperança pelo direito à
felicidade de cada um. “Não sabemos porque sofremos imprinting...”, dizia o
vovô Black, "...mas a natureza sabe o que faz!"
Agora Leah e eu
carregamos o peso de sermos progenitoras de uma nova geração daquela tribo. Se
nascerão vampiros ou lobos, frios ou quentes, não importa: serão muito amados.
Mas por enquanto isto não é algo em que pensamos. O tempo para nós arrasta-se e
contá-lo chega a ser irracional. Queremos abraçar todas as possibilidades que
nossa imortalidade permite. Assim, a nova geração dos filhos da Lua Cheia terá
muito tempo para esperar...!
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