Segue uma linha filosófica de que tudo que temos aqui foi projetado por nós em outro plano. Todas as nossas conquistas e nossas derrotas são frutos da projeção dos nossos pensamentos. Outra linha diz que todas as possibilidades existem paralelamente e que o que fazemos, é apenas visualizar aquela que mais nos agrada.
Quantos planos paralelos podem existir em um só dia?
Meu eu
atravessou a rua depressa para não perder o metrô.
Meu outro
eu despediu-se
calmamente depois de uma gargalhada gostosa e muitas promessas de
encontros em breve; ligou o ar do
carro e deixou as janelas abertas para poder refrescar.
Meu eu
sentou-se no banco risonha, meditando sobre tudo que aconteceu; o encontro
fortuito, a conversa alegre, o contato inesperado... Enfim, reviveu naqueles
minutos de viagem, entre uma estação e outra, o dia que se passou.
Meu outro eu ajeitou o próprio cinto
de segurança. Olhou pelo retrovisor a criança que voltara a dormir depois de
devidamente acomodada em sua cadeira. Como um olhar nunca basta, passou a mão
em suas perninhas para sentir aquele calor que jamais era blasfemado. Engatou a
marcha. Partiu para casa.
Meu eu estava atento às pessoas que saíam com ele junto ao metrô enquanto mirava o ponto de ônibus para mais uma baldeação; meu outro eu olhava atento os motoristas de final de semana.
No ônibus,
a ligação preocupada da mãe, já na subida da ponte, vem com misto de bronca e
preocupação: “Vai demorar muito?” “Depende do transito: estou na ponte. Acho
que não. Como o pai está?”, “Ah, sabe como é: já está dormindo”. E daí palavras
aceleradas, “‘tchau’s” confundidos com “‘te amo’s”, pois na ponte o sinal não
funciona
No carro é o marido quem liga, neste
caso sem a bronca, apenas a preocupação: “Vai demorar muito?” “Depende do
transito: estou na ponte. Acho que não”,“Como ela está?”, “Ah, sabe como é: já
está dormindo!”. Daí mais algumas declarações, “‘te amo’s” que não se confundem
com “‘tchau’s”, promessa de companhia até em casa, mas na ponte o sinal ainda
não funciona.
Finalmente em casa, a mãe já está
dormindo; o marido, acordado. Ele retira a criança do carro e a coloca na cama;
em outro plano, a eterna criança beija a fronte dos pais, tentando não
acordá-los. Mas a mãe sempre está acordada. “Como foi lá?”, mãe e marido
perguntam. “ Foi tudo bem, com a graça de Deus”, meus “eus” respondem.
A ducha morna; a banheira aquecida; ambos relaxam.
Logo vem a hora de dormir
aninhado;
Logo vem a hora de sonhar acordado.
E assim o dia se encerra, nestes dois
planos distintos. Intrínsecos? Paralelos? Algo que passou ou algo que virá? Algo
que existe?
Quem sou eu? Qual é meu verdadeiro eu?
‘Eu’ Estou exatamente onde devo
estar...!
(Imagem: os Pilares da Criação - NASA. Obs: Esta estrutura foi destruída à aproximadamente 6.000 anos. Mas daqui ainda conseguiremos observá-la por pelo menos mais mil anos...)
Quero ler um livro assim.
ResponderExcluirJa assistiu memento, filme de 2006 se nao me engano. Em portugues o nome é amnesia. Nao é exatamente a mesma coisa, mas é proximo ao vao-e-vem dessa sua escrita...
Sim, é um filme que gosto muito. Em termos de mundos paralelos, o mais próximo deste texto é um filme de ação chamado "o confronto" com Jet Li (obs: inspiração zero para este texto, rs!). Há um livro infanto juvenil que infelizmente não me recordo o nome, sobre uma menina que vive uma realidade maravilhosa, mas tem pesadelos constantes com a nossa realidade. Há um determinado momento da trama que não sabemos qual que é o sonho: a realidade maravilhosa ou a nossa!
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