sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Aurora

Philip Pullman certa vez disse ao publicar um de seus contos que um conto ás vezes pode ser simplesmente um conto, uma história isolada, ou fazer parte de um romance que ainda não foi escrito. Como pequenas histórias de vidas paralelas que se cruzam, pequenos contos podem ser entrelaçados e se tornarem uma grande história.

Se é o caso do pequeno conto a seguir, só o tempo responderá...

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O tempo parou. No espaço nada se movia. Todos permaneciam em silencio absoluto; tudo se encontrava em absoluta espera. Até que enfim ela chegou. Tranquila, serena, encantou a todos com sua pureza infantil. Sim, ela era linda, e era para todos a joia mais rara do universo.

Terminada a exposição, bocejou. Estava cansada. Era tanta novidade em torno de si que ela mal conseguiu acompanhar, mas queria ver a todos. Sua mãe, a Noite, suavemente a carregou até seu dormitório e a pôs em seu cesto de dormir. Enquanto sua loura cabecinha era acariciada, suas pálpebras iam suavemente escondendo as pérolas azuis que eram seus olhos. E embalada por uma canção de ninar, dormiu, sob os olhares atenciosos do pai e da mãe.

Aquela foi a única vez em todos os tempos que não houve dia nem noite, apenas apenas a mistura de uma escuridão que não clareava e claridade que não escurecia.

Assim foi o dia que a belíssima Aurora nasceu.  

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