terça-feira, 19 de agosto de 2014

Conto do Amor Perdido que nunca existiu



Casei-me com um vestido velho, de sapatos encardidos, num canto de um jardim qualquer. Ninguém viu o meu sorriso de felicidade nem as lágrimas de gratidão que rolaram na minha face quando ele me disse “sim”. Uma árvore fora o nosso padre-juiz-ministro-pastor. As folhas secas que cobriam o chão e bailavam ao sabor da brisa eram os nossos convidados. Os raios de Sol formavam o meu véu e foi o vento a sussurrar quem compôs o nosso coro, a nossa canção.

Casei-me numa tarde de primavera com um ser lindo que ninguém jamais conheceu – ele existiu somente nos meus sonhos. Quisera eu que as amigas o vissem e o invejassem, mas ele nunca aparecia quando elas estavam por perto.

Quando finalmente cresci e percebi que meu casamento fora uma ilusão, eu não fiquei triste nem zangada. Eu não me senti infeliz. Na verdade, o que eu sentia era simplesmente nada. Porque há muito tempo sofria por um amor que não vinha me buscar e quando me dei conta, já o havia matado dentro de mim.


Mas, ah... que saudade daquele lindo dia de primavera, que nunca existiu...! 




Nenhum comentário:

Postar um comentário