∞
Casei-me com um vestido velho, de
sapatos encardidos, num canto de um jardim qualquer. Ninguém viu o meu sorriso
de felicidade nem as lágrimas de gratidão que rolaram na minha face quando ele
me disse “sim”. Uma árvore fora o nosso padre-juiz-ministro-pastor. As folhas
secas que cobriam o chão e bailavam ao sabor da brisa eram os nossos
convidados. Os raios de Sol formavam o meu véu e foi o vento a sussurrar quem
compôs o nosso coro, a nossa canção.
Casei-me numa tarde de primavera com
um ser lindo que ninguém jamais conheceu – ele existiu somente nos meus sonhos.
Quisera eu que as amigas o vissem e o invejassem, mas ele nunca aparecia quando
elas estavam por perto.
Quando finalmente cresci e percebi
que meu casamento fora uma ilusão, eu não fiquei triste nem zangada. Eu não me
senti infeliz. Na verdade, o que eu sentia era simplesmente nada. Porque há
muito tempo sofria por um amor que não vinha me buscar e quando me dei conta,
já o havia matado dentro de mim.
Mas, ah... que saudade daquele
lindo dia de primavera, que nunca existiu...!
Nenhum comentário:
Postar um comentário